Sou negra!
Sou negra beleza pura,
Como é bom ser negra!
Para toda esta beleza,
Meu tipo não é Europeu, venho da África meu irmão.
Sou negra sem os 68cm de cintura,
Como é bom ser negra,
Do nariz largo, dos lábios grossos, dos olhos grandes, atentos a tudo.
Dos meus seios redondos já não sai mais leite para os teus filhos,
Mas sim para os filhos que eu quiser.
Sou negra dos quadris invejáveis para o repouso do homem que eu quiser ter,
Eu sei o segredo do caminhar e te envolver - Cuidado seu moço!
Não sou peça de prostituição, não sou mais do teu fogão.
Sou negra do pixaim que exibo com prazer.
Sou negra pro meu nego me chamar de pretinha.
Sou negra não pro samba do Sargentelli da vida,
Mas para o batuque do meu povo guerreiro: no morro, na favela, ou no terreiro.
Minha mãe não é Nossa Senhora, mas sim Nanã Buruku.
Meu herói não é a Princesa Isabel, mas sim o Grande Zumbi.
Como é bom ser negra.
Sou negra e sou Miss da negritude,
Sou negra e sou Rainha do Congo, na Angola, na Nigéria ou no Brasil.
Sou negra apesar de você mim denominar moreninha, mulata, jambete ou outra matiz.
Sou negra e não vou reforçar o sistema que está aí,
Sou negra apesar de você não admitir.
Eu sei o jogo da Capoeira,
Eu sei o jogo do Afoxé,
o segredo do Candomblé,
Eu sei dá o tempero certo ao vatapá que eu quero comer.
Como é bom ser negra,
Negra para toda essa negritude.
Sei que sou o veneno, a pimenta
Com o meu sorriso aberto, meus pés grandes e firmes.
Sou negra,
Sou gostosamente negra,
Extasiantemente negra,
Consientemente negra.